Resenha do Livro: Os Pilares da Terra - Ken Follett

 

Ficha Técnica:

Título: Os Pilares da Terra

Autor: Ken Follett

Tradução: Paulo Azevedo

Editora: Rocco

Número de Páginas: 941    

Ano de Publicação: 2012




Eu ganhei esse livro de presente e confesso que o título e o tamanho me assustavam um pouco, mas se eu te contar que ele virou um dos meus livros favoritos, você acreditaria?

Apesar de sua longa extensão, é uma novela gostosa de ler, nos proporcionando uma leitura fluida e envolvente. O autor intercala, ao longo da narrativa, as histórias dos personagens, nos remetendo a episódios de uma série.

O livro se passa na Inglaterra do século XII, e para escrevê-lo, Follett realizou uma pesquisa detalhada sobre os fatos históricos mencionados na narrativa, como a troca dos monarcas, o conflito/influência entre religião e política, a detalhada descrição sobre as características das catedrais góticas, assim como também os costumes da sociedade da época. Porém, vale lembrar, que tanto a catedral como a cidade de Kingsbridge são fictícias.

Como o livro é extenso e cheio de detalhes, eu aconselho a lê-lo com calma. Os personagens são muito bem construídos no decorrer de toda a história, cada qual com sua personalidade bem marcada e apresentada. O autor vai alternando o narrador entre os personagens, portanto, com o decorrer do livro, conseguimos saber como os personagens pensam e sentem sobre as situações que vão sucedendo.

Eu gostei muito que o autor trouxe um Prior (superior de ordem religiosa) que questiona as atitudes dos seus colegas religiosos frente a algumas questões bordadas na trama, levantando uns questionamentos que, muitas vezes, se perpetua até a atualidade.

Outro ponto relevante na história é o papel feminino, o qual foi muito bem representado por Aliena e Ellen. Aliena era uma menina extremamente mimada e arrogante, mas as reviravoltas que aconteceram em sua vida a tornou um exemplo de resiliência, força e determinação. Ellen, por sua vez, havia sofrido muito, fora acusada de bruxaria e vivia na floresta com o filho, se mostrou uma mulher completamente forte, independente e destemida, sem medo algum de expressar seus pensamentos, ainda que, considerados rebeldes para a época.

A crueldade também é bem marcante na trama, além da matança sem piedade, Follett não economizou nos detalhes ao descrever as cenas. Há uma cena em que o autor aborda sobre estupro, fortíssima e rica em detalhes, mas, o principal, ele abordou o tema, nos mostrando o que se passa na cabeça do estuprador e o que se passa na cabeça da vítima. Ainda que, ler e imaginar a cena, seja horrível, a riqueza de detalhes que ele aborda sobre os costumes da época é impressionante.

O escritor retrata com maestria a intensa influência da igreja sobre as pessoas e reis, os jogos de poder entre as classes sociais, onde os pobres eram sempre oprimidos e explorados, o machismo muito bem enraizado, no qual a mulher não tinha voz e direitos, sem contar a cruel violação ao corpo feminino. E durante toda a leitura fiquei me questionando se a humanidade chegou a evoluir nos quesitos abordados no livro, não sei se evoluímos tanto ao ponto de considerar que a nossa sociedade é melhor que a sociedade medieval. Tenho a triste sensação que, apesar de termos a capacidade de aprendizagem, não aprendemos de fato com a história da humanidade.

Follett escreveu uma sequência de livros que seguem contando a história de Kingsbridge, são eles: Mundo Sem Fim e Coluna de Fogo, publicados pela Editora Arqueiro. A edição que eu tenho de Os Pilares da Terra é da Rocco.

Se você, assim como eu, gosta de livros que mesclam a história real com a ficção, você vai gostar muito dessa leitura. O autor desenvolve a trama com muita maestria e tenho certeza que você vai se apaixonar.

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